quinta-feira, 14 de agosto de 2008

DE VOLTA À REALIDADE



As pesquisas estão hoje para a tomada de decisões políticas assim como a bússola estava para os argonautas que singravam os mares nunca dantes navegados. Nada se faz sem antes ter o balizamento das causas e conseqüências de cada ato, aferido pelas indispensáveis pesquisas. Só os marinheiros de primeira viagem, no deslumbramento do poder, preconizavam o desmonte de uma coalizão que, no movimento oscilante das marés políticas, os trouxeram à tona após longo período de submersão.

Ela, a pesquisa, está no cerne de um movimento de refluxo que, no momento, empresta à base aliada as feições de uma frente harmônica, atenta aos movimentos expansionistas do PMDB. Ainda pelas pesquisas, o possível recrudescimento da oposição em fornidos colégios eleitorais tem efeito duplo: motiva o partido de Íris a olhar com otimismo 2010 e fornece elementos indutores para a reunificação de uma base, ainda hegemônica, até há pouco fragmentada e sob a ameaça de irreversíveis cisões.

O refluxo é patente. Os dois principais nomes da base – o governador Alcides Rodrigues e o senador Marconi Perillo – passam a ter a clareza de que, divididos, fornecerão grandes manchetes aos jornais, mas, principalmente, darão aos adversários o melhor dos cenários para um sucesso eleitoral na disputa pelo controle do Executivo estadual.

Então, não tenhamos dúvidas, as pesquisas, sejam quais forem seus resultados, determinam as tomadas de decisões políticas e retiram dos mais açodados a tendência ao endurecimento de posições ditadas por interesses mais imediatos ou menos abrangentes do ponto de vista da aglutinação das correntes, adversárias no varejo e aliadas no atacado.

Uma delas, feita sob medida e para efeito de se palmilhar com boa margem de segurança um caminho definitivo, teve resultado impactante no desmonte de um cenário de fantasias para a exposição de uma crua realidade: dividida, a ainda cognominada base aliada seria mandada ao limbo; reunificada em torno da liderança que tem fortíssimas chances de vitória em 2010, todos se salvam. Uns, porque dispõem de forte cacife político; outros, porque se beneficiam pela circunstância de que têm poder de barganha para sentarem-se à mesa de negociações.

Resultados surpreendentes da pesquisa fizeram arrefecer o impulso desagregador de grupos que condicionavam sua sobrevivência ao sepultamento das legítimas lideranças com as quais comungam poucas afinidades e, por paradoxal que pareça, sem elas deixariam de existir. Nada como a alternância nos cargos de comando para que se veja pelo halo da transparência quem tem capacidade de liderança e quem tem pouca habilidade para lidar com as contradições inerentes ao exercício do poder. Não fosse pela tolerância de um e experiência do outro, nem a orientação da bússola somada ao fascínio dos números das pesquisas salvaria a base aliada de um naufrágio eleitoral.

O silêncio dos fariseus e o esforço conjunto que se processa em nome de uma definitiva unificação das correntes evidenciam a força dos números de uma pesquisa que devolveu a todos o senso da realidade. Só há esperança de sobrevivência política de todos, ainda que adversários circunstanciais, através do fortalecimento de uma liderança politicamente sólida, popularmente incontestável. Foi esse o dado que mais avultou no conjunto dos números surpreendentes de uma bem guardada pesquisa. Mais do que a surpresa, os números revelam força de demover as vozes dissonantes e desestimular as ações desagregadoras. É a prevalência do bom-senso motivando o consenso.


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