quarta-feira, 30 de abril de 2008
O BÔNUS E O ÔNUS
"NÃO VÁ O SAPATEIRO ALÉM DOS SAPATOS"
PERDOAI SENHOR, ELE NÃO SABE O QUE DIZ
terça-feira, 29 de abril de 2008
"NÃO SEREI O COVEIRO DO TEMPO NOVO"
Assim, o discurso dissidente nada mais é de que um apelo para o que governador esqueça o passado, inclusive tudo que disse em praça pública. Alguém, com experiência política, pode imaginar que o governador Alcides precisa da ambivalência para administrar? O melhor é que os fariseus não duvidem da palavra do governador, nem se iludam com a possibilidade de que isolando-se ficarão mais fortes. Poderão, no máximo, desanuviar o ambiente com o uso permanente do bom senso.
A CONTA DO ARBÍTRIO
Fazia referência à guerra da Tríplice Aliança, quando o ditador Solano Lopez foi tirado do poder. Agora, somos nós que pagaremos a conta do erro dos dois ditadores. Rigorosa com os patrícios, em nome da segurança nacional, a ESG foi generosa ao extremo com o Paraguai. A lógica de todas as ditaduras é essa mesmo: fazem as contas e o povo paga.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
ALCIDES NÃO É COVEIRO, É COMPANHEIRO
Marconi e Alcides tornaram-se ícones da disputa, como emblemáticas figuras do tempo novo por uma conjunção de fatores, destacando-se o entrosamento entre o titular do cargo e seu vice. A lealdade que os uniu avultaria como resgate de uma das mais virtuosas faces da política, prontamente compreendida pela multidão. Apegar-se às práticas que engrandecem o exercício das disputas políticas é reagir ao curso dos procedimentos contrários à ética, tão comuns nestes tempos, mas historicamente rejeitados pelo eleitor, cada vez mais atento. São os precedentes daquelas campanhas que o atestam e eternizam virtudes ainda não relegadas. Quase oito anos haviam se passado desde a memorável aliança que aproximou PSDB (de Marconi) e PP (de Alcides) quando foram para o teste da transferência de votos e do convencimento do eleitorado de que o traço de continuidade administrativa se desenhava na sólida comunhão de compromissos, exposta ao juízo do eleitorado pela terceira vez.
No papel de vice em dois mandatos sucessivos, a discrição de Alcides e sua disposição para o cumprimento de espinhosas missões delegadas pelo governador foram sedimentando um relacionamento lastreado na mútua confiança, fruto da lealdade incomum, porque supostamente incondicional. O resultado de sua breve passagem pela prefeitura de Anápolis revestiria o candidato com o verniz da competência, reafirmando o perfil administrativo iniciado em Santa Helena. Do ponto de vista moral, Alcides daria a Marconi mais munição para advogar a transferência dos votos e reforçar o grau de confiança estabelecido entre eles e o eleitorado.
Aquele tempo de convivência harmônica fortaleceria o pacto de risco para o desafio de um terceiro enfrentamento do adversário, levando-se em conta a superioridade do rival, sustentada em números assustadores das pesquisas. Em conseqüência da histórica identificação submetida a todos os testes, a opção natural do governador pelo vice foi a resultante de inúmeros fatores, sem descartar a imposição das circunstâncias que viria exigir o comprometimento de continuidade de um projeto já consagrado, como pressuposto de unificação de toda a base aliada, já que parte dela pressentia critérios pessoais na escolha do candidato a sucessor. Sem desconhecer as qualidades do ungido, na medida em que o eleitorado identificava o vínculo entre eles processou-se uma transferência automática, tendo-se como prioridade o dilatamento de um projeto já pontuado de múltiplos e sólidos avanços sociais.
Uma das primeiras declarações de impacto do candidato Alcides, quando as pesquisas faziam de Maguito Vilela o virtual governador, tal era o clima de otimismo ao seu redor, ressoou estado afora, dando embalo ao então lento processo de reunificação da torrente de eleitores que se projetaria em números históricos. Superado o ceticismo da população, Alcides alçaria-se à chefia do Executivo estadual e Marconi conquistaria a cadeira do Senado com a marca de 2 milhões e 35 mil votos. O que terá cristalizado na lembrança da maioria do eleitorado pode ter sido a frase, histórica porque adquiriria imediatamente a força de dissipar a dúvida ainda presente, ganhando a chancela do compromisso com o futuro: “Não serei o coveiro do tempo novo”.
sábado, 26 de abril de 2008
ALIANÇAS EXISTEM PARA SURPREENDER
O acordo Serra-Quércia vem carregado de surpresas, além de impor ainda frustração ao PT que vinha planejando contar com o ex-governador como um novo pilar de sustentação da candidatura de Marta Suplicy à prefeitura, como extensão do apoio do PMDB ao governo Lula no Congresso Nacional. Enquanto o PT e Geraldo Alckmin – pretenso candidato a prefeito – punham Quércia em seus planos, Serra dava sinais de comodismo, mineiramente. A surpresa se estendeu ao governador Aécio Neves, de Minas Gerais.
Serra levou o apoio e despiu de vez o manto de agremiação imaculada pretendida pelo seu partido. Um dos fatores que justificou a criação do PSDB em São Paulo foi a alegada dificuldade que o grupo - composto por Mário Covas, FHC, Franco Montoro, Serra e outros mais - tinha de suportar a companhia de Orestes Quércia. Com a largada antecipada das eleições presidenciais o distanciamento de Quércia tornou-se insuportável. Agora se dão as mãos por uma causa maior, retomar para São Paulo a presidência, pondo o rejeitado na linha de sucessão, para o futuro. Quércia apoiará Kassab que tentará a reeleição à Prefeitura. Leva seu PMDB para os braços de Serra e terá dele a garantia para candidatar-se a senador em 2010. Serra abandona Alckmin, da linha de frente do PSDB para apoiar Kassab. A esdrúxula aliança Serra-Quércia instala a versão paulista da “cristianização” ocorrida há tempos, com um novo neologismo: “alckimização”. Os fatos de ontem e de hoje primam pela evidência: as alianças não são feitas porque o povo vai entender. São arquitetadas porque a maioria tende a se surpreender.
sexta-feira, 25 de abril de 2008
Escrevendo pelas orelhas
A idéia de um ex-presidente entre os integrantes de uma jornada que percorre quase dois mil quilômetros pela selva amazônica faz arregalar os olhos de um entusiasta de caravanas políticas à cata de votos. A viagem de Theodore Roosevelt, vigésimo sexto ocupante da Casa Branca, sob o comando do aventuroso Marechal Rondon, pelos idos de 1914, entretanto, não se assemelhava em nada com qualquer “caravana da cidadania” ou coisa do tipo. Com carteira de expedicionário e passagem por safáris no currículo, Ted Roosevelt vem à Amazônia se curar da derrota amarga sofrida nas eleições presidenciais de 1912, e acaba sendo, apropriadamente, guiado por Rondon e seus homens, que à época já acumulava reputação invejável em matéria de desbravamento de terras indômitas.
Em O Rio da Dúvida a estreante Candice Millard narra com maestria aquela que foi uma quase odisséia cabocla. Socorrida pela extensa produção colhida dos diários dos expedicionários - pílulas de reflexão através das quais seus autores tentavam manter contato, introspectivamente, com o mundo civilizado -, Millard tece sem preciosismos a mistura que havia de aventura, celebrada na figura de Roosevelt, e profissionalismo, personificado por Rondon, ao longo do trajeto que tinha como motivação traçar a rota exata de um incógnito afluente do Amazonas, daí o nome Rio da Dúvida. As privações do isolamento na mata, que vão além das piores previsões dos organizadores, se encarregam de transformar a viagem de férias de Ted em saga, e que só é vencida em boa medida graças ao caráter adamantino do General Rondon e do seu acompanhante ilustre. Propositalmente ou não, o livro contribui para suavizar a imagem de um presidente que fora marcado pela política nada melíflua do “Big Stick”.
E embora recompor com minúcias as biografias dos mais notáveis membros da comitiva exploratória que contou no início com 22 integrantes não seja a tônica do texto, pode-se dizer que a impressão nas entrelinhas é de que o livro de Millard se presta à condição de quase vivandeira. Isso porque, para quem retoma os papéis históricos dos grandes nomes do exército brasileiro, resta o questionamento sobre se é mesmo merecido o título de patrono das armas dado a Duque de Caxias. Talvez a nobiliarquia estivesse mais bem empregada em uma legenda abaixo da foto de Cândido Rondon.
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Quem manda em quem?
quarta-feira, 23 de abril de 2008
A BASE ALIADA PODE ACORDAR
Ainda que o PP local viesse a fazer parte dessa composição, por já ser um aliado do governo Lula – uma possibilidade remota tendo em vistas as implicações e os interesses das lideranças no interior – a ele estaria reservado um papel irrelevante em vista de que a aliança PMDB-PT é por si só garantia de que uma candidatura ao governo, apoiada por Lula, surgiria fortalecida, impelindo os partidos que descobriram a fórmula política de desmoronar aquela hegemonia a repensar seu futuro. Unidos, têm grandes chances de polarizar as eleições, mas, para isso, não bastará a união. Ela implicará a aglutinação em torno de um nome bastante competitivo.
Outra fantasia seria imaginar que em tempo tão escasso se poderia fortalecer uma candidatura suficientemente expressiva para competir com o peso do candidato apoiado por Lula, desprezando-se o patrimônio político que já existe e que estaria pronto para uma batalha tão dramática. Como se vê, um dilema político está posto: menosprezar o maior nome da base aliada é sucumbir, por antecipação, ao peso político volumoso surgido do resultado de uma alquimia que soma sede de poder e incontido desejo de vingança. É da personalidade de Íris brigar pelo poder. É da filosofia do presidente Lula querer esmagar seus opositores.
Oposição desconfia do terremoto
A nova conjuração
O aliado do capitalismo
Teoria e prática
No fio da navalha
segunda-feira, 21 de abril de 2008
A dívida e a mística desagregadora
Bom, mas ele lembra que o atual governo encontrou muitas dívidas e só agora, após dois anos, vai deslanchar. Olha, cidadão-fantasma, desde quando existe governo os mais criativos seguem o milenar costume, senão vejamos: Alcides herdou a dívida de Marconi, que herdou de Maguito, que herdou de Íris, que herdou de Santillo, que herdou de Íris, que herdou de Ary Valadão, que herdou de Irapuan, que herdou de Leonino, que.... . Viu agora? Dívida de governo não se paga, administra-se.
Se aprofundarmos na questão, tudo é culpa da União que domina a máquina arrecadadora dos impostos e depois repassa a cota dos outros ao sabor da sua conveniência política e aos auspícios de uma contabilidade enviesada, sob seu absoluto controle. As obrigações constitucionais dos repasses não anulam a lassidão burocrática que toma uma vírgula num documento como pretexto para protelar a liberação dos recursos pelo tempo que convier, asfixiando os governos. Vi a situação bem de perto quando era assíduo freqüentador do gabinete do governador Santillo (como seu assessor de imprensa) perseguido sucessivamente pelos governos de Sarney e de Collor.
Quando a União garante seu aval para os empréstimos aos governos é porque tem a certeza do retorno político. Há casos, e muitos, em que a União pressiona os governadores para ir ao exterior contrair empréstimos a juros estratosféricos, entendeu? Desta forma, uns mais outros menos, os governadores são tentados a contrair dívidas para viabilizar seus projetos. Ao sucessor caberá ir rolando, rolando, rolando e buscando mais empréstimos, mas fazendo a diferença administrativa com a criatividade e senso de prioridade. Quer um exemplo histórico? Quem mais endividou o País foi JK. Quem mais o denunciou por isso foi Carlos Lacerda. “Para construir a capital do Brasil destruíram o capital do Brasil”, dizia Lacerda com sua metralhadora impiedosa. Lacerda entrou para os anais como um dos melhores oradores e um dos mais temíveis adversários. JK entrou para a história como estadista. Foi, é e será uma saudosa e quase unânime lembrança. Só a reacionária UDN tentou macular sua biografia. Aliás, saudosistas da velha UDN e de seus hábitos golpistas estão por aqui tentando macular outras biografias. Têm tanta possibilidade de obter êxito quanto tem esse blog de decidir as eleições dos EUA a favor de Barak Obama, pela nossa identificação epidérmica.
Crucificado
Quero meu diploma
Vivendo as mesmas emoções
domingo, 20 de abril de 2008
Vale tudo, menos beijo de língua
Estamos no presente e o exacerbado clima entre os prós e os contras à adesão ao projeto do prefeito Íris Rezende dá bem uma medida de como o PT se tornou um partido mais igual de que os outros. Nada contra Íris e o PMDB, mas a quem serve a aliança? Aos dois lados, a princípio. Ao prefeito, claro, apesar de que ele tem sua reeleição garantida sem nenhum voto dos “trabalhadores”. O que importa é constatar que uma grande ala do PT dá validade ao adágio de que o segredo da felicidade é ter uma péssima memória. Se não vai a Íris por votos, vai por cargos. Aqueles que esqueceram a cartilha petista inspiradora do nascimento do partido estão felizes da vida pela expectativa de ter para si um naco das vagas que prefeito presumivelmente lhes destinará. E olha que a questão do vice está em aberto. O prefeito já levou a melhor, não importa o que venha acontecer. O partido abriu suas vísceras e agora terá que administrar a dicotomia PT e o PT do C (c de caroneiros ou de comensais).
Louva-se o prefeito pelo primor com que faz política no impulso de sua sagacidade e experiência. Rachou o partido com o sinalizador da prebenda. Eis a soma da maturidade e o estoicismo, resultantes dos duros embates, revelando o ativo eleitoral de quem não teme o julgamento das urnas nem a intricada senda dos bastidores. Se temesse não teria disputado a Prefeitura depois de duas derrocadas extraordinárias. O prefeito está certíssimo, pois apoio não se recusa e seu projeto está mais em cima, é 2010 o que interessa e, se possível, em polarização com o seu contra-ponto em termos de peso político-eleitoral e de ousadia, o senador Marconi Perillo.
Como deve estar decepcionada com o tamanho da incoerência e demonstração de fisiologismo e oportunismo a ala que se opõe tenazmente ao apoio a Íris. Quando expeliu de suas fileiras Onofre e Santillo o PT tinha em Íris a encarnação do demônio. Quem foi visto cumprimentando Íris por imposição das circunstâncias (em solenidades públicas) submeteu-se ao código de ética do partido, salvando-se da expulsão graças aos álibis juridicamente perfeitos.
Íris não abdicou de suas idéias e nem de seus princípios e se não tivesse um exército de seguidores não teria demonstrado seus pendores de fênix. Ressurgiu sim, das cinzas de duas duras experiências, mas não transigiu em seus ideais, e nem precisa, até por ter conquistado várias vitórias sem ocultar seus pensamentos e intenções. Político com vocação para o poder não se esconde, se mostra. E o eleitorado julga.
Outros só se revelam em termos de conveniências. A ala irista do PT acaba de avisar aos navegantes: na política vale tudo, menos beijo de língua nos antigos adversários. Sabe-se lá!?
Questão de justiça
Há povo e há PIB
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Voz de Comando
Mas retornemos à essência. O alerta alcança outras áreas que estão a pressionar por mais espaços no governo, com a proposta de defenestração de companheiros de campanha. Quanto ao aviso, a recíproca é necessariamente verdadeira na visão do bloco antigo. E em política amigos antigos são os de ontem, aqueles que estavam juntos nas últimas contendas eleitorais, posto que nada é mais efêmero do que o mandato eletivo.
No contexto em que foi proferida, a afirmação do governador terá adquirido a marca instantânea de uma sentença - o que só reforça a autoridade de quem a proferiu. Como sentença, ela tem a força de demover os fariseus da vã tentativa de conduzir a marcha dos acontecimentos pelas ações subterrâneas. Há muita gente aplaudindo o cristalino recado do governador. E haverá, por certo, muita gente insatisfeita com a sinceridade levada ao paroxismo. Aqueles que, seguramente, vêem na coerência e na lealdade meros detalhes.
A sedução do blog
A primeira preocupação que vem à tona ao se propor o desafio de manter um blog é como alimentá-lo com conteúdo capaz de atrair leitores. Eis a questão, para cuja resposta só terei na medida em que experimentar, insistir e não desistir. Aliás, é um dos meus maiores defeitos, não temer os desafios, muito menos desistir enquanto não esgotar todas as possibilidades de ir em frente. Vamos lá. Já recebi algumas críticas e também apoios. Está tudo registrado, quando tiver o domínio total desse tal de computador ousarei avançar, mas deixar de escrever, contestar, criticar, aplaudir, sugerir, etc. e etc. nunca.
As virtudes do blog estão no conjunto de vantagens que, à primeira vista, está à nossa disposição. Escrever quando puder e quiser é uma delas. Elencar os temas, formas, conteúdo e outros mais é tudo uma questão voluntária, individual, pessoal etc. e tal. Vou exercitar o direito de expressão nos limites, em margem mínima de auto-censura, o que torna mais fascinante a arte de escrever.
Também a interação com o leitor é um enigma que só o tempo esclarecerá. Porém, se apenas um leitor se der ao trabalho de acompanhar o que a gente escreve, pode estar aí o começo de uma longa história. Nenhum cidadão é uma ilha numa época em que o indivíduo à frente de um computador pode comunicar-se com o mundo, e num mundo heterogêneo há espaço – via internet – para o medíocre, mas também para o gênio. Não sou uma coisa nem outra. Só o tempo dirá em qual das extremidades merecerei estar. O que sei é que enquanto não desisto, não serei vencido.
Assim, parto para minha nova experiência com a mais otimistas das expectativas, pela determinação de ocupar espaço a que tenho direito por experiência, por legitimidade e, sobretudo, por imposição da luta que, no mínimo, nos torna mais digno.
Sem mais, embarco no mundo virtual onde virtualmente serei contestado, apoiado, criticado, ridicularizado e posso vir a ser até processado. Só não sei dizer como cumprir uma pena no mundo virtual. Embarco nesse fascinante vôo, permitindo-me uma veleidade: delete-me se for capaz.
Haverá de valer a pena, aliás, já está valendo
Não vou dizer que foram centenas, mas a qualidade dos amigos e dos conhecidos que manifestaram apoio pelo artigo (DM, 16/04/08) e pela iniciativa de lançar um blog me autoriza a contabilizar o aplauso de uma multidão. Afinal, todos são formadores de opinião, seja pelo nível cultural e de politização, seja pela reputação que os acompanha. Ressalto que a repercussão deixa evidente a força e a penetração do bravo DM, plural nas opiniões e singular no ideal de se postar intransigentemente na defesa dos mais caros valores de uma sociedade democrática. Ademais, a indomável postura libertária do fundador e editor do Diário da Manhã, Batista Custódio, e sua brava equipe estimula um universo de jornalistas a não desistir. No meu caso, lanço mão de todas as oportunidades para não escudar-me na omissão, menos ainda conter a visceral vocação profissional da qual nunca conseguiria escapar.
Meu passo inicial foi em 1972, quando vim a saber que existia redação e ali me esperava a vaga de Editor internacional, após um teste que elevou minha auto-estima e a confiança no futuro. Para quem migrou da portaria da empresa para a disputada redação de O Popular foi um salto descomunal e desafiador.
Quase 10 anos depois outro bom salto eu daria quando Batista Custódio abriu-me a porta no mesmo dia em que a outra se fechou, incorporando-me à revolucionário equipe que, quatro meses antes, fizera decolar o vibrante DM, sucedâneo do lendário Cinco de Março. A passagem pelas duas redações mais conceituadas foi a melhor e mais rica experiência , a mas benfazeja escola, em cujo processo de aprendizado - e que ainda prossegue - nas melhores companhias, moldei minha filosofia de vida, priorizando o interesse social como é de dever de todo jornalista que se preza. Como se vê, pela militância, parte da história do jornalismo, mas não abrirei mão, jamais, de estar presente - com acidez ou ternura - sempre que os fatos tocam a incomum capacidade que tenho de indignar-me por força de uma figadal rejeição ao conformismo. A passividade não pode ser uma boa conselheira para quem se insere profissionalmente no espaço da comunicação social, cuja razão é o olhar atento ao que consulta o interesse da coletividade.
Fazendo água
Eu não disse?
Lá vem o PAC
Questão de caráter
quarta-feira, 16 de abril de 2008
O CERCO A MARCONI (III)
Trazer à lembrança o episódio determinante na ruptura governador-presidente faz bem a todos. Permite que a sociedade, à distância, avalie as diferentes e divergentes concepções políticas. Ao alertar o presidente, Marconi sinalizou não compactuar com o erro, cumprindo seu papel de cidadão e sua responsabilidade de governador de Estado. O silêncio, depois de ter sido alertado pela deputada Raquel Teixeira seria, aí sim, um erro político, provavelmente fatal para sua carreira. O presidente Lula escudou-se no discurso da falsa ingenuidade, dizendo-se desconhecer os fatos. Contraiu o semblante, desautorizando seu interlocutor a prosseguir.
O mais irônico é que quando tudo ficou comprovado, Lula absolveu os mensaleiros – os 40 quadrilheiros denunciados pelo Procurador-Geral da República –,
e decretou que criminoso deveria ser quem denunciou o crime.
Portanto, chegou a hora do acerto de contas com quem tentou preveni-lo para que ele agisse de forma transparente, estancando o escândalo e punindo seus autores. Lula perdera ali a oportunidade de ser menos companheiro e mais guardião da moralidade pública. Optou pela Magna Carta petista em seu artigo 1º: Companheiro é companheiro, adversário é adversário. Aliás, foi em nome da coerência partidária que se baseou para a recomendação que Lula fez recentemente a seus ministros a fim de intimidar a oposição no Congresso por sua insistência de ouvir a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil –sempre ela - embrulhada no dossiê contra FHC. Ele foi enfático: “Temos de esmagar a oposição”.
Também lá no Senado Marconi está metido nessa cruzada de esclarecimento do novo escândalo dos cartões corporativos. Também lá o presidente segue os passos do senador, aumentando sua ira e estimulando seguidores e simpatizantes em Goiás a promover ataques pelos flancos para tentar abater o tucano.
Num dos flancos, a Prefeitura de Goiânia, a posição de ofensiva já está solidificada. O prefeito e o presidente já afinaram o discurso há tempo, com o testemunho de companheiro Maguito Vilela, deslocado para uma terceira frente de batalha: a disputa da prefeitura de Aparecida. Até aí tudo bem. Íris e Maguito são adversários do PSDB de Marconi e seus embates se dão de forma clara, mobilizando-se os eleitores para a sagrada bênção das urnas.
Com a ostensiva colaboração do PT local o presidente tenta reforçar o que preconiza ser a segunda frente, mas tudo dependerá de como o governo goiano fará a leitura do episódio que pôs Marconi e Lula em trincheiras opostas. Preliminarmente, a leitura da sociedade é óbvia: Marconi denunciou e condenou a corrupção. Lula absolveu todos os companheiros envolvidos. Quer agora transformar em réu quem imaginou que, alertando Sua Excelência, o escândalo não fosse conspurcar seu currículo e ainda pôr às claras um estranho conceito de ética, que é o artigo 2º da Carta petista. Aquele que determina em seu parágrafo 1º o perdão a quem assalta o erário e no parágrafo 2º condena quem denuncia o assaltante.
Sob o ponto de vista administrativo governador e presidente devem e precisam se entender. Politicamente é uma outra história até porque qualquer decisão tem sua gama de implicações em cascata na incontida dinâmica da ação e reação.
Enquanto não se tem melhores indicativos de como os essa cruzada anti-Marconi vai terminar, há um bom campo para as análises políticas, onde a perspicácia dos analistas é que permitirá separar o joio do trigo, com a desejável isenção. Pelo menos já é público que um senador eleito com mais de dois milhões de votos está rotulado de inimigo pessoal e na mira de um forte aparato sob o comando do presidente da República. O mesmo comandante que perdeu a grande chance de abater um a um o seu pelotão de aloprados. Assim, poderia vir palmilhar o novo campo de batalha com a moral bastante elevada.
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Germano Rigotto veio a Goiânia persuadir Alcides
11/04: Rigotto, o homem da reforma
O cerco a Marconi (II)
O esforço do governador para não dar ao encontro a tradução política vista pelo PSDB e correlatos, já que o governador mineiro também estava em Goiânia, teve relativo resultado. Isto porque, entusiasmado com as obras anunciadas pelo governo federal, o governador tratou de reforçar a parceria com o lembrete de que entre ele e Lula há mais de que cooperação, há uma afinidade política.
Por esse raciocínio pode-se concluir que as interpretações políticas feitas pelo PSDB comportam ilações objetivas a partir do dado de que nas eleições de outubro próximo todos jogam suas fichas para a estratégia que se armará para a disputa de 2010.
Não se pode questionar o posicionamento do governador por depender o governo da ajuda federal e até por dever constitucional, a relação entre as partes precisam pautar-se na cooperação. Entretanto, o dado a avaliar e dele estender a vista para mais longe é o fato de que coincidência e conveniência se cruzaram num momento politicamente singular.
Supunha-se que o governador faria a vez do anfitrião ao recepcionar o pretenso candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, devotando-lhe a atenção por ser ele ligado ao partido viga-mestra da ascensão de Alcides ao Poder.
Desencontro de agenda à parte, a quinta-feira, dia 10, foi um dia atípico para se concluir que, lenta e gradualmente, o objetivo do governo do PT de levantar obstáculos à vida do senador Marconi Perillo vai-se traduzindo em fatos concretos, ainda que o governador, evidentemente, não faça parte desse plano. A sintonia com o governador é tão-somente um dos lados de um movimento em pinça que avança na direção da prefeitura de Goiânia e começa a esboçar o seu desenho definitivo.
O fato de o Estado não poder prescindir dos recursos federais torna compulsória uma relação de reciprocidade, mas o que faz a dúvida aumentar do outro lado é a clareza com que o governador ressalta a confiança de que a relação com o presidente Lula tenha extrapolado a esfera administrativa para se fermentar no terreno da política.
A nova FGR
Ciro assedia Marconi
Até que 2010 os aproxime
Missão espinhosa
Delúbio recrudesce
Insólita agenda
sexta-feira, 11 de abril de 2008
O cerco a Marconi (1)
Não há um pacto ainda formalizado, há um objetivo galvanizando todos os sonhos dos que não aceitam a dimensão política assumida pelo senador Marconi Perillo. O que foi considerado fenômeno – a audácia de Marconi de enfrentar a máquina do PMDB, pondo fim à sua hegemonia - e dando passagem a muitos políticos na planície, converte-se hoje em pesadelo para estes mesmos beneficiários da ascensão do PSDB. Mesmo tendo ressurgido no cenário político na esteira do então fenômeno, muitos hoje não se conformam com a liderança cristalizada do principal artífice do Tempo Novo. Uma leitura atenta dos jornais permite inferir que todos os pactos, todas as alianças são possíveis, desde que tenham como objetivo desestruturar o sistema de apoio do senador de dois milhões de votos. Dez em cada dez políticos não filiados ao PSDB e que não rezam pelo seu ideário, estão obcecados com a fixa idéia de criminalizar uma liderança. Seu crime: oxigenar a política pela alternância de poder, alargando o leque das alternativas, trazer para o primeiro plano da vida pública militantes praticamente proscritos pela ausência de mandato ou de histórico político pouco alentado e que tiveram a oportunidade da reciclagem, da reafirmação de seus valores na ocupação das tarefas e dos cargos públicos.
Outro crime de Marconi: fortalecer um lastro tão expressivo com a maioria do eleitorado a ponto de se reeleger governador e fazer o seu sucessor, o companheiro de profícua caminhada, Alcides Rodrigues, e sagrar-se senador com a maior votação jamais vista no Estado. Esqueçamos a filosofia do Tempo Novo, em vista de que oito anos de governo e outros oito de senador, na condição de mais votado da história, compõem a resultante de uma reinvenção do Estado, instalando no pódio o seu idealizador. Vista em retrospecto, essa liderança não existe por acaso: Marconi elegeu-se deputado estadual e federal em seqüência, desconhecendo até agora uma derrota eleitoral. Essa fulminante escalada faz dele agora, fora do governo, o alvo de muitos que não assimilam seu desempenho, muito menos perdoam sua ousadia, quando a omissão era refúgio para a sobrevivência política. Combatê-lo abertamente é da natureza das disputas políticas, mas obedecer a um roteiro de conspiração montado sob inspiração do lulismo, e que vem sendo seguido à risca, é absurdamente mesquinho, desonesto. Trata-se de um reducionismo político execrável pelo que revela de oportunismo e de traição.
À sombra do poder gravitam alguns retrógrados personagens que em termos de votos não valem um vintém, em termos de expressão política freqüentam aquela faixa entre o traço e o meio traço, quando os índices de pesquisas aferem a credibilidade de cada um. Entretanto, sugerem preliminarmente estarem de prontidão para servir-se de todos os meios de desmerecer o senador.
É certo que o governador é um homem correto, um político à altura do cargo, dono de inúmeros predicados. Só não é possível entender a desenvoltura de alguns áulicos, primorosos na fulanização do debate e exímios difusores do disse-que-disse. Endereçados a Marconi e seu grupo, os recados enviesados tentam fazer do senador a vítima de seu próprio sucesso para garantir a seus detratores os 15 minutos de glória, que eles jamais conquistariam nas urnas. Nunca é demais reiterar que a inveja tem a virtude de só incomodar quem a cultiva, mas o jogo político é brutal, valendo-se do opróbrio como estratégia de ação. O egotismo de alguns auxiliares no governo já está prejudicando o governador, pois a instância do julgamento dos fatos extrapola o contexto das facções para reafirmar sua majestade no seio da opinião pública. Ela não só está atenta como tem um senso de avaliação bem diferenciado, distanciando-se do burburinho político para demarcar com nitidez sua independência e isenção. Ademais, há em larga faixa do eleitorado a expectativa de que a lealdade entre Alcides e Marconi deva pairar muito acima dos variados interesses que os distanciam no momento, por razões sobejamente conhecidas. Desde o início da campanha de 2006, percebia-se com meridiana clareza que Marconi elegeria até um poste para seu sucessor. Felizmente, elegeu um político que tem luz própria, tem muitos méritos mas que vem perdendo a oportunidade de unificar o discurso e o comando do poder para evitar as fricções grupais alimentadas por desairosas observações dirigidas ao antecessor. Sabe-se da existência de um polêmico documento oficial, confeccionado para desmerecer Marconi e seu auxiliar, José Paulo Loureiro. Sempre que convém a quem o elaborou, o documento é mencionado em tom ameaçador. Por que o documento foi elaborado? Por que vem sendo mencionado como forma de intimidação, como carta a ser jogada na mesa, caso o processo de radicalização se imponha como recurso irrecusável?
Há muito o que se escrever em torno de uma parceria que gerou e ainda poderá gerar alentadoras expectativas pelo que expressou no senso de oportunidade que os aproximou e pela atmosfera de confiança estabelecida entre o Tempo Novo e a maioria do eleitorado, configurada em três vitórias eleitorais encadeadas. A matriz de todo esse fenômeno tornou-se uma legenda, mas passou a alvo de um inexplicável conluio. Não é a legítima oposição ao marconismo que se censura. É a trama oportunista dos sem voto que não podem ter guarida nem receber dissimulados estímulos políticos dos bolsões que ascenderam à periferia do poder porque Marconi abriu-lhe a senda, promovendo bruscas mudanças no panorama político, invertendo o fluxo migratório dos destinados à planície, sazonalmente.
Destroçar essa realidade é o ideal de todos quantos estão no outro espectro das composições políticas.As mais esdrúxulas alianças se esboçam em nome do aniquilamento de uma liderança conquistada no enfrentamento direto das disputas democraticamente consagradas. É irresistível a interrogação de que lado estará o governador no futuro tendo em vista a cambiante política do presente. É prudente que o senador Marconi faça um esforço para conter seus radicais. É dever do governador, por força da sua liderança, unificar o discurso oficial, livrando-se dos fariseus.
SEM RESERVA
Lembrete: Que você é um sedutor, não há dúvida. A questão é outra: chegou a hora de testar seus poderes de dedução. Declare seu imposto de renda, livrando-se da incontida voracidade do governo.
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A população do Rio de Janeiro deu provas de que a união faz a força. Tanto se mobilizou e pressionou até que fez o prefeito recuar da sua voragem na cobrança do IPTU. Um dia poderá ser a vez da dispersa população de Aparecida de Goiânia. O IPTU foi às nuvens e a contrapartida esvaiu-se. Ruas intransitáveis, às escuras e com o matagal avançando impiedosamente explicam a revolta silenciosa dos moradores. Quem sabe uma hora a população haverá de acordar!
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Não é verdade que o deputado Sandro Mabel acalenta o sonho de governar simultaneamente Goiânia, Aparecida e o Estado. Por enquanto ele apenas se movimenta nos bastidores, tentando alianças com Deus e o diabo para ver o senador Marconi Perillo mandado para as Calendas. Tudo está a indicar que esse objetivo paira acima do resultado de suas articulações. Traduzindo: nem que Mabel coloque milhões de toneladas de bolachas no caminho, poderá impedir o sucesso da candidatura Marconi em 2010.
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Um boquirroto que vive à sobra do poder, com bom salário e nenhum índice de produtividade, faz questão de evocar a estreita amizade com um poderoso empresário de comunicação, sempre que se troca de Secretário da Fazenda, e seu cargo de aspone fica a perigo. Vamos ver até quando essa desfaçatez resistirá. Poucos sabem seu nome completo, mas com poucas vogais e menos consoantes escreve-se seu codinome. Sua última boçalidade, alardeada nos corredores da Sefaz foi sentenciar: “chegou a hora de demitir todos os marconistas daqui”. Em tempo: ele ascendeu ao “cargo” nos primeiros dias do tempo novo.
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“Se porrada educasse, bandido saía (sic) da cadeia bonzinho”. Essa é mais uma das “tiradas” do presidente- sociólogo Lula, que vê nuanças pedagógicas no constrangimento físico do preso. O que induz a acreditar na banalização – ou seria institucionalização? - da tortura nas cadeias. Se o bandido está detido, sob a proteção do Estado, quem estaria dando-lhe a porrada?
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As invasões dos pobres na periferia vêm sendo enfrentadas. Falta agora resolver aquela da rua 115, no setor Sul. Em tempo: o governo Santillo anunciou o plano para remover os invasores, mas filigranas jurídicas impediram a operação. Vamos ver agora que o prefeito Íris Rezende dá concretas provas de que retoca, com intervenções justas e eficientes, seu histórico de administrador, prometendo equanimidade no enfrentamento das graves questões sociais.
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A Igreja Católica inscreveu-se na globalização, globalizando pecados capitalistas registrados urbi et orbi. Falha ao não rever os 10 primeiros pecados mortais. Aqueles que a gente decora lá atrás, quando faz a primeira comunhão. Lá está: não cobiçar a mulher do próximo. Para atualizar o pecado o Papa deve corrigir a advertência: não cobiçar o marido da próxima. Ou alguém tem dúvida de que as mulheres também ingressaram na era da globalização?
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Cada vez que vejo instalar-se mais uma CPI no Congresso Nacional, nas Assembléias ou Câmaras Municipais, transporto-me para a minha adolescência, quando li a definição: “CPI quer dizer grupo de desocupados escolhidos pelos que não estão dispostos a fazer o desnecessário”. Em tempo: truísmo tão atual não se questiona.
Você se ufana do seu país?
Pense antes de responder, pois somos o celeiro da maioria das prostitutas que povoam a Europa, temos um governo cujo partido estabeleceu, pelos maus costumes, novos paradigmas para conceituação da ética, temos um Congresso que mais parece usina de geração de escândalos, a violência, a corrupção nas instituições e a impunidade dos grandes crimes colocam o Brasil no topo da lista. Para completar, estamos no fim da fila quanto aos Índices de Desenvolvimento Humano. Fiquemos por aqui, para que o Haiti não nos ultrapasse.