terça-feira, 29 de abril de 2008

"NÃO SEREI O COVEIRO DO TEMPO NOVO"

(declaração do então candidato Alcides Rodrigues)


Bem, a partir de agora depreende-se que os fariseus pensarão duas vezes antes tentar disseminar a discórdia onde houver espaço para os acenos de harmonização da base; onde houver ambiente para que o diálogo político se sobreponha às intrigas de que são experts; onde houver o clamor pelo senso de realismo, em face do avanço dos verdadeiros adversários; onde o apelo à dissensão possa insinuar dúvidas de que o juramento do candidato Alcides não tenha sido sincero, objetivando apenas o resultado de um lance de marketing feito em momento tão oportuno.

Não há por que pôr em xeque um compromisso firmado em praça pública, quando era imperioso reforçar a convicção do eleitorado de que a continuidade de um governo, que vinha dando certo, haveria de ser a razão de uma candidatura extraída do restrito núcleo do poder. Afinal, era o vice-governador o herdeiro natural de um espólio, cuja acumulação das conquistas e dos compromissos por elas impostos trazia impregnada a marca de sua efetiva co-participação. O ônus e o bônus desse anseio de continuidade são conseqüências naturais que devem ser assimiladas com espírito de grandeza, sem o filtro das conveniências apontadas em duas direções por aqueles deslumbrados com o poder. Se se têm pela frente as dificuldades, elas estão presentes pelos descuidos do passado. Quando são superadas deve-se à competência e à responsabilidade de quem está no comando.

Essa postura simplista não cabe nem num contexto em que o governo anterior fosse o adversário, até porque mudam-se os atores, mas o cenário permanece inalterado no que concerne aos compromissos herdados e ao dever de dar partida a um novo projeto administrativo com o que se dispõe e com o que se possa inventar. Quando essa herança transita de mãos mas fica num mesmo núcleo de poder, supõe-se que o sucessor fará melhor pela experiência e pelo conhecimento antecipado dos problemas.

Assim, o discurso dissidente nada mais é de que um apelo para o que governador esqueça o passado, inclusive tudo que disse em praça pública. Alguém, com experiência política, pode imaginar que o governador Alcides precisa da ambivalência para administrar? O melhor é que os fariseus não duvidem da palavra do governador, nem se iludam com a possibilidade de que isolando-se ficarão mais fortes. Poderão, no máximo, desanuviar o ambiente com o uso permanente do bom senso.

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