segunda-feira, 28 de abril de 2008

ALCIDES NÃO É COVEIRO, É COMPANHEIRO

Ideais convergentes e arraigado espírito público fizeram da dupla Marconi-Alcides um exemplo de parceria sacramentada na lealdade a toda prova, resgatando uma das mais caras virtudes da política. Juntos, eles traçaram um roteiro político só possível aos espíritos desbravadores; juntos, percorreram todas as ruas de todos os povoados, de todos os municípios, de todo o Estado, em três campanhas dramáticas mas que seriam vitoriosas. Enquanto amargavam o papel de figurantes na primeira aventura, que apontava o virtual vencedor – aquele que detinha mais de 70% da preferência, segundo pesquisas -, foram construindo laços indissolúveis com o povo por força da perseverança e pela mensagem de esperança que conquistaria corações e mentes. Juntos, Marconi e Alcides começariam a escrever, paralelamente à epopéia eleitoral de 98, um dos mais tocantes capítulos de fraternidade política; juntos, chegaram ao governo no bojo de uma histórica reviravolta, onde um mito se retiraria de cena para dar lugar a um fenômeno que, pela terceira vez, teria a incumbência de mudar o rumo dos acontecimentos, reproduzindo feitos de um passado bem próximo na condição de protagonista bem cotado. Juntos, sempre juntos, daquela vez em posições alteradas, lá foram eles para o terceiro round, com determinação e parceria que os destinguiriam pelo histórico de companheirismo e porque as similitudes se sobrepunham às diferenças. O que explicaria a parceria em torno de um amplo projeto de governo.

Marconi e Alcides tornaram-se ícones da disputa, como emblemáticas figuras do tempo novo por uma conjunção de fatores, destacando-se o entrosamento entre o titular do cargo e seu vice. A lealdade que os uniu avultaria como resgate de uma das mais virtuosas faces da política, prontamente compreendida pela multidão. Apegar-se às práticas que engrandecem o exercício das disputas políticas é reagir ao curso dos procedimentos contrários à ética, tão comuns nestes tempos, mas historicamente rejeitados pelo eleitor, cada vez mais atento. São os precedentes daquelas campanhas que o atestam e eternizam virtudes ainda não relegadas. Quase oito anos haviam se passado desde a memorável aliança que aproximou PSDB (de Marconi) e PP (de Alcides) quando foram para o teste da transferência de votos e do convencimento do eleitorado de que o traço de continuidade administrativa se desenhava na sólida comunhão de compromissos, exposta ao juízo do eleitorado pela terceira vez.

No papel de vice em dois mandatos sucessivos, a discrição de Alcides e sua disposição para o cumprimento de espinhosas missões delegadas pelo governador foram sedimentando um relacionamento lastreado na mútua confiança, fruto da lealdade incomum, porque supostamente incondicional. O resultado de sua breve passagem pela prefeitura de Anápolis revestiria o candidato com o verniz da competência, reafirmando o perfil administrativo iniciado em Santa Helena. Do ponto de vista moral, Alcides daria a Marconi mais munição para advogar a transferência dos votos e reforçar o grau de confiança estabelecido entre eles e o eleitorado.

Aquele tempo de convivência harmônica fortaleceria o pacto de risco para o desafio de um terceiro enfrentamento do adversário, levando-se em conta a superioridade do rival, sustentada em números assustadores das pesquisas. Em conseqüência da histórica identificação submetida a todos os testes, a opção natural do governador pelo vice foi a resultante de inúmeros fatores, sem descartar a imposição das circunstâncias que viria exigir o comprometimento de continuidade de um projeto já consagrado, como pressuposto de unificação de toda a base aliada, já que parte dela pressentia critérios pessoais na escolha do candidato a sucessor. Sem desconhecer as qualidades do ungido, na medida em que o eleitorado identificava o vínculo entre eles processou-se uma transferência automática, tendo-se como prioridade o dilatamento de um projeto já pontuado de múltiplos e sólidos avanços sociais.

Uma das primeiras declarações de impacto do candidato Alcides, quando as pesquisas faziam de Maguito Vilela o virtual governador, tal era o clima de otimismo ao seu redor, ressoou estado afora, dando embalo ao então lento processo de reunificação da torrente de eleitores que se projetaria em números históricos. Superado o ceticismo da população, Alcides alçaria-se à chefia do Executivo estadual e Marconi conquistaria a cadeira do Senado com a marca de 2 milhões e 35 mil votos. O que terá cristalizado na lembrança da maioria do eleitorado pode ter sido a frase, histórica porque adquiriria imediatamente a força de dissipar a dúvida ainda presente, ganhando a chancela do compromisso com o futuro: “Não serei o coveiro do tempo novo”.

Um comentário:

geraldo cotrim disse...

So que ate o momento, o mesmo so tem sido companheiro de lula, pra desespero do moribundo marconi.