sábado, 26 de abril de 2008

ALIANÇAS EXISTEM PARA SURPREENDER

Política não é mesmo para amador. O que se passou em S.Paulo, quando surpreendentemente o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) anunciou o apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), coroando manobras patrocinadas pelo governador José Serra (PSDB), dá concreta sustentação à tese tancredista de que só os profissionais da política são capazes de proezas inimagináveis.

O acordo Serra-Quércia vem carregado de surpresas, além de impor ainda frustração ao PT que vinha planejando contar com o ex-governador como um novo pilar de sustentação da candidatura de Marta Suplicy à prefeitura, como extensão do apoio do PMDB ao governo Lula no Congresso Nacional. Enquanto o PT e Geraldo Alckmin – pretenso candidato a prefeito – punham Quércia em seus planos, Serra dava sinais de comodismo, mineiramente. A surpresa se estendeu ao governador Aécio Neves, de Minas Gerais.

Serra levou o apoio e despiu de vez o manto de agremiação imaculada pretendida pelo seu partido. Um dos fatores que justificou a criação do PSDB em São Paulo foi a alegada dificuldade que o grupo - composto por Mário Covas, FHC, Franco Montoro, Serra e outros mais - tinha de suportar a companhia de Orestes Quércia. Com a largada antecipada das eleições presidenciais o distanciamento de Quércia tornou-se insuportável. Agora se dão as mãos por uma causa maior, retomar para São Paulo a presidência, pondo o rejeitado na linha de sucessão, para o futuro. Quércia apoiará Kassab que tentará a reeleição à Prefeitura. Leva seu PMDB para os braços de Serra e terá dele a garantia para candidatar-se a senador em 2010. Serra abandona Alckmin, da linha de frente do PSDB para apoiar Kassab. A esdrúxula aliança Serra-Quércia instala a versão paulista da “cristianização” ocorrida há tempos, com um novo neologismo: “alckimização”. Os fatos de ontem e de hoje primam pela evidência: as alianças não são feitas porque o povo vai entender. São arquitetadas porque a maioria tende a se surpreender.

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