sexta-feira, 11 de abril de 2008

O cerco a Marconi (1)

Não há um pacto ainda formalizado, há um objetivo galvanizando todos os sonhos dos que não aceitam a dimensão política assumida pelo senador Marconi Perillo. O que foi considerado fenômeno – a audácia de Marconi de enfrentar a máquina do PMDB, pondo fim à sua hegemonia - e dando passagem a muitos políticos na planície, converte-se hoje em pesadelo para estes mesmos beneficiários da ascensão do PSDB. Mesmo tendo ressurgido no cenário político na esteira do então fenômeno, muitos hoje não se conformam com a liderança cristalizada do principal artífice do Tempo Novo. Uma leitura atenta dos jornais permite inferir que todos os pactos, todas as alianças são possíveis, desde que tenham como objetivo desestruturar o sistema de apoio do senador de dois milhões de votos. Dez em cada dez políticos não filiados ao PSDB e que não rezam pelo seu ideário, estão obcecados com a fixa idéia de criminalizar uma liderança. Seu crime: oxigenar a política pela alternância de poder, alargando o leque das alternativas, trazer para o primeiro plano da vida pública militantes praticamente proscritos pela ausência de mandato ou de histórico político pouco alentado e que tiveram a oportunidade da reciclagem, da reafirmação de seus valores na ocupação das tarefas e dos cargos públicos.


Outro crime de Marconi: fortalecer um lastro tão expressivo com a maioria do eleitorado a ponto de se reeleger governador e fazer o seu sucessor, o companheiro de profícua caminhada, Alcides Rodrigues, e sagrar-se senador com a maior votação jamais vista no Estado. Esqueçamos a filosofia do Tempo Novo, em vista de que oito anos de governo e outros oito de senador, na condição de mais votado da história, compõem a resultante de uma reinvenção do Estado, instalando no pódio o seu idealizador. Vista em retrospecto, essa liderança não existe por acaso: Marconi elegeu-se deputado estadual e federal em seqüência, desconhecendo até agora uma derrota eleitoral. Essa fulminante escalada faz dele agora, fora do governo, o alvo de muitos que não assimilam seu desempenho, muito menos perdoam sua ousadia, quando a omissão era refúgio para a sobrevivência política. Combatê-lo abertamente é da natureza das disputas políticas, mas obedecer a um roteiro de conspiração montado sob inspiração do lulismo, e que vem sendo seguido à risca, é absurdamente mesquinho, desonesto. Trata-se de um reducionismo político execrável pelo que revela de oportunismo e de traição.

À sombra do poder gravitam alguns retrógrados personagens que em termos de votos não valem um vintém, em termos de expressão política freqüentam aquela faixa entre o traço e o meio traço, quando os índices de pesquisas aferem a credibilidade de cada um. Entretanto, sugerem preliminarmente estarem de prontidão para servir-se de todos os meios de desmerecer o senador.

É certo que o governador é um homem correto, um político à altura do cargo, dono de inúmeros predicados. Só não é possível entender a desenvoltura de alguns áulicos, primorosos na fulanização do debate e exímios difusores do disse-que-disse. Endereçados a Marconi e seu grupo, os recados enviesados tentam fazer do senador a vítima de seu próprio sucesso para garantir a seus detratores os 15 minutos de glória, que eles jamais conquistariam nas urnas. Nunca é demais reiterar que a inveja tem a virtude de só incomodar quem a cultiva, mas o jogo político é brutal, valendo-se do opróbrio como estratégia de ação. O egotismo de alguns auxiliares no governo já está prejudicando o governador, pois a instância do julgamento dos fatos extrapola o contexto das facções para reafirmar sua majestade no seio da opinião pública. Ela não só está atenta como tem um senso de avaliação bem diferenciado, distanciando-se do burburinho político para demarcar com nitidez sua independência e isenção. Ademais, há em larga faixa do eleitorado a expectativa de que a lealdade entre Alcides e Marconi deva pairar muito acima dos variados interesses que os distanciam no momento, por razões sobejamente conhecidas. Desde o início da campanha de 2006, percebia-se com meridiana clareza que Marconi elegeria até um poste para seu sucessor. Felizmente, elegeu um político que tem luz própria, tem muitos méritos mas que vem perdendo a oportunidade de unificar o discurso e o comando do poder para evitar as fricções grupais alimentadas por desairosas observações dirigidas ao antecessor. Sabe-se da existência de um polêmico documento oficial, confeccionado para desmerecer Marconi e seu auxiliar, José Paulo Loureiro. Sempre que convém a quem o elaborou, o documento é mencionado em tom ameaçador. Por que o documento foi elaborado? Por que vem sendo mencionado como forma de intimidação, como carta a ser jogada na mesa, caso o processo de radicalização se imponha como recurso irrecusável?

Há muito o que se escrever em torno de uma parceria que gerou e ainda poderá gerar alentadoras expectativas pelo que expressou no senso de oportunidade que os aproximou e pela atmosfera de confiança estabelecida entre o Tempo Novo e a maioria do eleitorado, configurada em três vitórias eleitorais encadeadas. A matriz de todo esse fenômeno tornou-se uma legenda, mas passou a alvo de um inexplicável conluio. Não é a legítima oposição ao marconismo que se censura. É a trama oportunista dos sem voto que não podem ter guarida nem receber dissimulados estímulos políticos dos bolsões que ascenderam à periferia do poder porque Marconi abriu-lhe a senda, promovendo bruscas mudanças no panorama político, invertendo o fluxo migratório dos destinados à planície, sazonalmente.

Destroçar essa realidade é o ideal de todos quantos estão no outro espectro das composições políticas.As mais esdrúxulas alianças se esboçam em nome do aniquilamento de uma liderança conquistada no enfrentamento direto das disputas democraticamente consagradas. É irresistível a interrogação de que lado estará o governador no futuro tendo em vista a cambiante política do presente. É prudente que o senador Marconi faça um esforço para conter seus radicais. É dever do governador, por força da sua liderança, unificar o discurso oficial, livrando-se dos fariseus.

4 comentários:

geraldo cotrim disse...

Marconi nao perde por esperar,ele mesmo bebeu do veneno que serviu.A mentira sobre o enriquecimento ilicito do IRIS, vai servir de chicote.

Lajedo Hélverton Baiano disse...

Parabéns, Fleurymar.
Que bom vê-lo novamente brindando-nos com sua perspicácia jornalística. Sua acurada verve é necessária para nos ajudar a compreender melhor esse nosso mundo político, que é sua área favorita.
Um grnade abraço, Hélverton Baiano

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

"A divergência dos pontos de vista jornalísticos, numa comunidade, ajuda a manter a honestidade da imprensa. Na mídia, assim como em outros grandes negócios, o monopólio gera a arrogância." O sr está simplesmente momopolisando o nome Marconi Perilo, Ele deveria convidá-lo a ser Assessor de comunicação, pois o sr é bom, mas pra mim jornalista tem que ser imparcial, e fazer da notícia uma mensagem verdadeira e de credibilidade, mas é difícil !!! O coronel é bom!temos que reconhecer!