segunda-feira, 14 de abril de 2008

O cerco a Marconi (II)

Fosse pela agenda, fosse pelas conveniências políticas, o fato é que o governador Alcides Rodrigues, embora detenha o poder político no Estado, nada tem do poder da ubiqüidade. Portanto, politicamente foi mais sedutor perfilar-se ao lado do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento e do prefeito Íris Rezende, compondo um trio que, à primeira vista forma a base de apoio dos interesses petistas no Estado, cujo foco principal é fechar, ou pelo menos tentar, a porta de retorno do senador Marconi Perillo ao governo em 2010.

O esforço do governador para não dar ao encontro a tradução política vista pelo PSDB e correlatos, já que o governador mineiro também estava em Goiânia, teve relativo resultado. Isto porque, entusiasmado com as obras anunciadas pelo governo federal, o governador tratou de reforçar a parceria com o lembrete de que entre ele e Lula há mais de que cooperação, há uma afinidade política.

Por esse raciocínio pode-se concluir que as interpretações políticas feitas pelo PSDB comportam ilações objetivas a partir do dado de que nas eleições de outubro próximo todos jogam suas fichas para a estratégia que se armará para a disputa de 2010.

Não se pode questionar o posicionamento do governador por depender o governo da ajuda federal e até por dever constitucional, a relação entre as partes precisam pautar-se na cooperação. Entretanto, o dado a avaliar e dele estender a vista para mais longe é o fato de que coincidência e conveniência se cruzaram num momento politicamente singular.

Supunha-se que o governador faria a vez do anfitrião ao recepcionar o pretenso candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, devotando-lhe a atenção por ser ele ligado ao partido viga-mestra da ascensão de Alcides ao Poder.

Desencontro de agenda à parte, a quinta-feira, dia 10, foi um dia atípico para se concluir que, lenta e gradualmente, o objetivo do governo do PT de levantar obstáculos à vida do senador Marconi Perillo vai-se traduzindo em fatos concretos, ainda que o governador, evidentemente, não faça parte desse plano. A sintonia com o governador é tão-somente um dos lados de um movimento em pinça que avança na direção da prefeitura de Goiânia e começa a esboçar o seu desenho definitivo.

O fato de o Estado não poder prescindir dos recursos federais torna compulsória uma relação de reciprocidade, mas o que faz a dúvida aumentar do outro lado é a clareza com que o governador ressalta a confiança de que a relação com o presidente Lula tenha extrapolado a esfera administrativa para se fermentar no terreno da política.

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