Meu domingo começou ótimo. Poderia ser melhor se não estivesse a mil quilômetros da minha mãe, dona Rita de Souza. Cumprimentá-la para agradecer seu imorredouro amor é minha rotina dominical, sem desconhecer a data especial, quando seu carinho parece se multiplicar nas doces palavras devolvidas ao telefone. As melhores mensagens de incentivo para que prossigamos na luta reverberam, como bênçãos que só às mães cabe ministrar pela distinção da natureza e, seguramente, por terem elas o privilégio da delegação divina.
Mãe de seis filhos - o caçula conta 58 anos -, avó de mais de duas dezenas de netos, muitos bisnetos e alguns trinetos, ela tem muito que nos ensinar. Estou feliz no plano das relações filiais. Afinal, dona Rita contabiliza 95 janeiros, muito desse tempo gasto em conselhos a mim - a ovelha desgarrada que a deixou em Belo Horizonte nos idos de 1966, aqui aportando para se estabelecer.
A opção de externar hoje sentimentos tão íntimos talvez seja a melhor maneira de dizer à sociedade que esse cidadão tem na sua matriz geradora a mais cara lição de cidadania, absorvida ainda no berço redentor da mãe responsável, perto ou longe, fonte inesgotável do mais caloroso afeto e a mais vigorosa seiva para personificação do homem de bem. E não abro mão da imagem que faço de mim mesmo. Ela não é, de forma alguma, decorrência do triunfo da presunção, do cabotinismo aflorando no vácuo da auto-crítica em escassez. É a auto-estima exacerbada, advinda da herança genética passada por um ser humano especial, cuja dívida de gratidão tento amortizar sempre, e mais ainda em datas especiais, épocas que nos exortam a maiores reflexões. Enfim, um dia para celebrar o consenso entre todos os filhos gratos por suas mães maravilhosas. É o fluxo contínuo da relação de causa e conseqüência que nos identifica. Falo, com certeza, de todos nós, filhos muitos iguais porque irmanados hoje e sempre nas doces lembranças da infância, embalada por mãos sagradas porque únicas. Iguais porque, já adultos, elas nos oferecem a mesma devoção de outrora.
Quantas pessoas não gostariam de estar no meu lugar! Felizmente, muitos outros estão e estarão. Celebremos esse dia com a certeza de que amor de mãe é para sempre. Brindo o privilégio de tê-la lúcida, saudável, em idade tão provecta, dona de virtudes tão sólidas, postas à prova em trajetória de sucessivas dificuldades. Ainda assim, o conluio do destino não a desfibrou. Pelo contrário: é manancial dos bons exemplos, das mais ricas lições, senhora absoluta de indomável dignidade. Paro por aqui: lágrimas de saudade e de gratidão são mais eloqüentes. E nos tornam mais humanos. Convoco os meus iguais à sagrada devoção – hoje e sempre - à bendita Santa de todos os nossos dias.
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