Manda o receituário de Maquiavel que todo governo deve fazer o mal de uma só vez. Conveniente ainda é que seja no início de seu reinado, pois, assim, terá bom tempo pela frente para desfazer mal-entendidos, desmobilizar resistências e diluir ressentimentos. A reforma do governo não é, evidentemente, um pacote de maldades. O ônus político decorreu da distância entre o anúncio das medidas saneadoras e a chegada da proposta à Assembléia.
A expectativa gerou, naturalmente, apreensão, pois nenhum governo, às voltas com dificuldades de caixa, oferece pacote de bondades, mas de cortes, seja de verbas, seja de cargos ou ambos, além de outras cirurgias mais. Talvez, pelo que recomenda Maquiavel, aquela receita lá do passado pudesse ter sido seguida no presente, evitando o clima carregado pela certeza dos cortes e pela distância entre o anúncio e as intervenções cirúrgicas. E até agora não se sabe se haverá anestesia para todos os que sofrem o aumento da TPR - tensão pré-reforma.
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