sexta-feira, 23 de maio de 2008

Escrevendo pelas orelhas


Sulina/ 142 pgs.

Com uma lista de signatários ilustres como Gustavo Franco, Roberto Damatta, Roberto Romano, Bolívar Lamounier, entre outros, Idéias e Conseqüências é um apanhado de um seminário realizado pelo Instituto Liberdade, entidade sem fins lucrativos que se propõe à discussão do Brasil sobre bases liberais. O objeto das exposições, ocorridas em 2006, vai da análise e reflexos da crise do mensalão, como no texto do cientista político Lamounier, até a defesa da necessidade de melhoria da educação básica, feita por Cláudio de Moura e Castro. O foco está torno da idéia de planejamento e reafirmação das potencialidades nacionais com o propósito de modernização econômica, social e política do Estado e da nação. Numa edição bem acabada, embora modesta, o livro chama atenção para um expediente ainda acanhado no mercado editorial brasileiro, a publicação em brochuras de textos de encontros, colóquios e congressos largamente ocorridos em todas as áreas. Talvez haja aí um filão intelectualmente muito mais promissor do que as opções editoriais que hoje infestam boa parte das prateleiras de livrarias país afora.





Record/ 320 pgs.


Referendado pela sua presença por semanas a fio na lista dos dez mais, Sobre o Islã – A afinidade entre muçulmanos, judeus e cristãos e as origens do terrorismo coloca em pratos limpos muito dos temas relativos ao mundo árabe, onipresente desde o fatídico 11 de Setembro tanto nas rodinhas regadas a cerveja de pseudo-intelectuais quanto nas reuniões de cúpula nas Nações Unidas. Este livro de Ali Kamel, sociólogo, diretor-executivo do jornalismo da Rede Globo e autor de uma vigorosa coluna semanal em O Globo, põe à prova suas raízes árabes para desmistificar, com clareza e simplicidade, um amontoado de distorções e ignorâncias que desembocam na insanidade jihadista. Mostra ainda que há mais semelhanças entre Maomé a dita civilização judaico-cristã-ocidental do que pode supor a torpe filosofia de Osama Bin Laden. Por fim, realizando uma tarefa na qual falharam tanto o pentágono quanto o British Secret Intelligence Service, Kamel pratica uma defesa arrazoada da Guerra do Iraque, interpretando os porquês da invasão que terminou por levar Sadam Russein à forca. E melhor: sem os exageros com que Michael Moore tenta argumentar do outro lado da trincheira. Antes ou depois da leitura, vale conferir o elogioso comentário do livro, feito há alguns meses por Reinaldo Azevedo, disponível aqui.






Paz e Terra/ 206 pgs.

Antes de seu nome constar na listagem de ex-ministros tucanos que terão suas gestões devassadas pela linha de produção de dossiês e por outras formas de achaque constantes do receituário lulo-petista, Francisco Weffort já era referência acadêmica no estudo das manifestações do populismo no Brasil. O populismo na política brasileira, publicado em 1978, envelhece sendo ainda uma das obras fundamentais dessa chaga indomável na América Latina. Embora pareça desatualizado, o texto disseca os traços atemporais do personalismo na política, e fornece subsídios férteis para a dinâmica tão bem personificada por Adhemar de Barros, cuja foto, por sinal, serve de capa à última edição do texto. O último capítulo trata da teoria da dependência, última moda acadêmica na época em que outro uspiano, Fernando Henrique Cardoso, ainda não era o chefe de Weffort. É literatura obrigatória para quem quer pensar a empulhação do terceiro mandato e quetais a partir de suas raízes.

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